terça-feira, 16 de agosto de 2011

Eu vi um palhaço....


Sábado à noite eu vi um palhaço. Um palhaço atípico, sem nariz redondo, sapatos grandes coloridos, ou a cara pintada. Talvez ela estivesse pintada, um pouco, mas ainda pintada. Seu palco não era o picadeiro, mas sim o Teatro Municipal, tão grandioso feito sua alma. Um palhaço tão diferente que fez meus olhos se encherem de lágrimas ao invés de fazer brotar o sorriso em meu rosto, pelo menos à primeira vista. Um palhaço com terno surrado, chapéu de coco e bengala, que ao andar mais parecia um pingüim saído de um desenho animado, do que uma pessoa de carne e osso. Seus olhos eram cheios de ternura, grandes, que mostravam sentimentos sem ser necessário dizer uma só palavra. Sua boca era pequena, mas seu sorriso era absolutamente arrebatador, o mais ingênuo que já pude ver. Fazia graça com o Prefeito diante de uma multidão enquanto inaugurava uma estátua, com o guarda que insistia em lhe perseguir, mas não conseguia chegar perto e até com um valentão quando tentara agredir seu amigo bêbado. Tinha o coração recheado de amor, capaz de se apaixonar e ajudar uma florista cega ou ainda salvar da morte um impetuoso burguês. Era tão puro que brincava de ser criança diante de uma iminente crise, e tão sublime que não perdia o sorriso em seu rosto.


Como foi bom gargalhar com este palhaço! Bom voltar no tempo e perceber que não precisamos muito mais além do que um sorriso no rosto, amor no coração e uma rosa branca na lapela. Voltei a ser criança e graças a um palhaço chamado Charlie Chaplin.

Washington Luiz