quarta-feira, 10 de julho de 2013

Patriota por ocasião, ou por vocação?

Engraçado como nossos sentimentos são tão controversos quanto nosso país. Tudo aqui é levado ao extremo. Amor e ódio são tão íntimos quanto um casal. Aliás, um paradoxo bem a calhar para esse texto. Moramos debaixo do mesmo teto (país), dormimos na mesma cama (Estado) e nem por isso somos amorosos o tempo todo.
Todo mundo está cansado (para não ser politicamente incorreto e dizer "careca") de saber que nosso país vive afundado em um mar de corrupção, que vem da esfera máxima, para atingir justamente a quem mais necessita de recursos: a maior parcela da população. 
Acompanhei de perto (ou bem próximo) a essa onda de protestos Brasil afora e senti-me orgulhoso de finalmente ver o povo nas ruas. Fazia tempo que eu não via esse movimento (desde o impeachment do Collor). Eu era um jovem estudante e lembro perfeitamente dos estudantes mais velhos chamarem todos na porta do colégio, bem na hora da entrada, para irmos todos ao centro do Rio, para fazer parte de um momento histórico. E... eu não fui. Tinha de fato meus medos e não gostava muito de multidão. 
Muito tempo se passou e novamente o cenário se repete, só que dessa vez o gigante se levantou contra outras coisas. A maior delas, que realmente me deixou orgulhoso, era justamente a corrupção. 
Aqui no meu trabalho, no Centro do Rio de Janeiro, estou próximo a Candelária, principal ponto de encontro dos manifestantes, e ouvia helicópteros sobrevoando, buzinas, e outros sons que misturados se tornavam indecifráveis. Uma vez fomos dispensados no momento exato que a população caminhava para a Presidente Vargas, e eu fui caminhando até a Central do Brasil, por uma rua paralela, mas vendo toda a movimentação do povo. Me deu um misto de medo e vontade de estar naquele meio, participando de um momento histórico, e acho que ainda mais forte do que o movimento Fora Collor, pois não era por um presidente, mas sim por um país que cansara de políticos corruptos e gastos indevidos com coisas que não nos acrescentam valores. Vi milhares de pessoas gritando, cartazes, bandeiras, nariz de palhaços e outros adereços apropriados para a grande ato que se anunciara. Porém mais uma vez não fui, mas por uma questão simples: estava indo encontrar minha esposa para comemorarmos seu aniversário.
A questão toda narrada acima tem um só nome: patriotismo.
Mas quando somos de fato patriotas? Quando a seleção brasileira de futebol entra em campo? Quando a seleção brasileira de outros esportes ou outros esportistas brasileiros competem? Recentemente nosso lutador Anderson Silva perdeu o cinturão do UFC, mas isso é outra história, e novamente a população parou para ver a luta (eu inclusive) e torcer. É comum eu ouvir comentários de que o Brasil está uma droga, que ninguém faz nada pela saúde, educação e etc. Digo de coração aberto: ninguém NUNCA vai fazer enquanto o povo não se movimentar. Enquanto patriotismo não se manifestar em ações, como está acontecendo agora, nossos políticos irão cada vez mais mamar nas "tetas" da nossa nação e ainda achar que não estão fazendo nada demais. Pior que isso é ver nossa PresidentE (sim, com E, pois acho horrível o Presidenta, da mesma forma que não chamamos O estudante e A estudanta) falar que temos o direito de fazer as manifestações. Claro que temos! Temos e havemos de fazer tantas outras para reclamar nossos direitos. Costumo ouvir o Ricardo Boechat na rádio bandnews pela manhã, vindo para o trabalho e achei maravilhoso o esporro que ele deu no ar. Falou o que tínhamos para falar, só que com microfone e na rádio. É muito fácil falar o que já sabemos, quero ver falar algo diferente. Falar que eles (os políticos) estão errados e vão nos ressarcir dos impostos pagos e que foram parar diretamente nos bolsos de nossos ilustres algozes, é que eu duvido!
Fui voluntários do PAN2007 aqui no Rio. Voluntário mesmo. Trabalhei 15 dias e tive que pedir para tirar férias no período dos jogos, mesmo não estando em época de tirar férias. Sabe porque fiz isso? Queria participar de algo grande, de conhecer um evento importante por dentro. E fui lá, participei, conheci muita gente legal que eu sabia que não teria chance de conhecer. Popó, Minotauro, Minotouro, Vitor Belford, dentre tantos outros esportistas, repórteres e personalidades. Até fui parar no RJTV quando o Brasil foi pra final do boxe! Olha só. Sabe o que ganhei? Experiência de vida e mais amor pelo meu Brasil. Ver o Maracanã (antes da atual reforma) cheio, com todo mundo cantando o hino nacional para ver a medalha de ouro ser entregue a um maratonista, como fala aquela propaganda, não tem preço!  Senti orgulho mesmo!
Quero ver amar o Brasil independente dos políticos, quero ver amar pelo povo, pela cultura, pela adversidade com que passamos todos dias e mesmo assim continuamos com um sorriso no rosto. 
Quero ver cantar o hino nacional e sentir aquele frio na espinha na hora do "gigante pela própria natureza", Quero ver o coro da multidão, na passeata ou nos estádios. 
Quero ver o povo acordado, não o gigante adormecido. 
Quero ver a criança com a bandeirinha na mão gritando Brasil. 
Quero quem amem ao próximo como amamos a nós mesmos. 
Quero respeito por quem eu sou, por quem somos. 
Quero cidadania, não oportunismo.
Quero gritar que por causa de tudo que passamos temos orgulho de sermos brasileiros!

"Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada, Brasil"

Washington Luiz